Relato de Parto - Marina

domingo, 1 de janeiro de 2017

Quando engravidei da Marina, aos 17 anos, não tinha maturidade nenhuma para entender o que seria ser mãe, principalmente tão nova. Durante a gravidez, tive curiosidade de pesquisar como era a evolução e o desenvolvimento, mas o que mais me preocupava era comer coisas saudáveis. Desenvolvi hipertiroidismo e da noite pro dia passei a enxergar mal de longe. Fiz o pré natal direitinho e esperava que ela nascesse dia 01/05/2002, pois na minha cabeça, a gravidez iria durar 9 meses exatos.
Dia 12/04/2002 tive consulta com meu médico, ele me examinou, disse que estava tudo bem, marcou consulta pra dalí uma semana e fui eu embora pra casa, esperar...


O negócio é que durante a madrugada, comecei a sentir cólicas horríveis, vontade de fazer força, mas em momento algum associei nenhum desses sinais ao trabalho de parto porque pra mim não tinha chegado no dia certo ainda. Aguentei até a tarde do dia seguinte e fui pra maternidade acreditando que lá me dariam qualquer remédio pra dor passar e eu poder voltar pra casa. Fiquei maluca da vida porque o pai dela tinha sumido e eu nem consegui avisar nada pra ele. E lá fomos nós, eu e minha avó. Chegamos lá por volta das 15hrs, fui atendida bem rápido mas o exame de toque que fizeram doeu até a alma. Quando fui me vestir, notei que até sangue tinha saído e já comecei a amaldiçoar a médica em pensamento. Quando sentei na cadeira, ela disse que eu devia ser internada porque já estava com 3cm de dilatação. Trouxeram uma cadeirinha de rodas pra me levar pro quarto e a partir dalí foi como se eu tivesse saído de mim, subido e tivesse observando tudo do alto. Simplesmente não acreditava que Marina ia chegar... Ainda faltavam pouco mais de duas semanas pra isso e eu não esperava...

No quarto, as enfermeiras me rasparam, fizeram lavagem e eu esperei... Meu médico chegou, examinou e nem ele acreditou que eu estava alí já que tinha me atendido um dia antes e não havia sinais de que ela estava vindo.

Às 19hrs me levaram pra sala de parto. Tomei anestesia e tive uma crise de riso quando o médico disse que quando ele mandasse, era pra fazer força como se eu fosse fazer um cocô bem duro. o_O
E aí que ri mais ainda. E quanto mais eu ria, mais enfezado o cara ficara e falava "Não ri senão ela volta pra dentro"!
Minha bolsa não estourou e ele espetou a dita cuja pra poder estourar. Apesar da anestesia, quando comecei a fazer força, eu senti dores do lado direito, mas nada terrível. Marina nasceu e foi como se uma minhoquinha tivesse escorregado pra fora.
Ela nasceu num sábado, dia 13/04/2002, às 20:06, pesando 2420gr e medindo 47cm.

Foi um parto normal no hospital, com direito a todos os procedimentos que julgam "necessários" pra criança nascer... Lavagem, raspagem, anestesia, episiotomia, pontos terríveis... Mas por falta de conhecimento, acreditei aquilo era comum, era normal, era certo...
Depois de esperar bastante voltei pro quarto, mas a Marina não ficou comigo. Só levaram pra eu ver rapidinho mas depois buscaram de volta. Trouxeram no dia seguinte e aí sim ela mamou pela primeira vez. Não sei o que fizeram enquanto ela estava longe e também não tive curiosidade de perguntar, porque mais uma vez, pra mim, aquilo era normal. Não ganhamos alta no mesmo dia. Era domingo e deviam estar de "folga", e outra noite ela dormiu no berçário.
Na segunda feira de manhã fomos embora, mas era como se a ficha ainda não tivesse caído, que eu, com 17 anos, já tinha uma pessoinha daquele tamaninho, que ia depender de mim.

Não tenho fotos pra mostrar, o que é uma pena... Na época nem sei se existia câmera digital, e se existia devia ser o olho da minha própria cara. As fotos que eu tinha eram daquelas de câmera com filme, que tinha que mandar revelar, mas depois da última mudança não sei onde foram parar. Mãe desnaturada que não guardou as fotos num lugar acessível...

Mas enfim... Marina sempre foi muito saudável, apesar de muito chorona, mas quando completou 2 meses já dormia a noite inteira sem acordar esgoelando procurando peito. Ofereci bico, mas, graças a Deus, ela largou por conta própria quando tinha 1 ano. Mamou exclusivamente no peito até os 6 meses, mas só foi desmamar com 1 ano e meio. Nunca teve problemas com alimentação, nunca teve alergias, nunca teve nada.

Se hoje eu pudesse mudar alguma coisa, mudaria sim a forma do parto, pra exigir algo sem tantas intervenções que na época eu não imaginava serem tão desnecessárias.
Mesmo que tudo tenha dado certo, acho que eu poderia ter feito mais se tivesse mais curiosidade e tivesse buscado por informações diferentes das que me concentrei. Mas ainda assim fico feliz e agradecida pelo meu médico não ter se aproveitado da minha pouca idade e total falta de experiência pra me enfiar uma cirurgia goela abaixo.

Hoje minha "pequena" tem 14 anos e já maior que eu. Não que eu seja muito alta... 1,60 não é alta, mas ok.
Apesar de bagunceira e preguiçosa, não sei o que seria de mim sem ela, e foi por ela que aprendi que amor incondicional existe, aquele que não machuca, aquele que é puro e vai durar pro resto da vida, haja o que houver...


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